Ricos consomem em 72 horas, o que pobres levam um ano para gastar
Os dados não deixam mentir. A análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad, de 2008, traça um perigoso raio-X da distribuição de renda no Brasil. Os ricos, que representam 1% da população, gastam em três dias o que as classes D e E levam um ano para consumir.
A classe A, seleto grupo de 1,9 milhão de pessoas com renda média superior a 20 salários mínimos/mês emprega, em 72 horas, o equivalente ao que 27,7 milhões de brasileiros, com renda entre um e três salários mínimos/mês, leva 365 dias para gastar. É o que aponta o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea. E é o que o consumidor que visita os mercados, padarias e sacolões de todo país já sabe na prática.
“Apesar de estar registrando desde 2001 queda da desigualdade social num ritmo realmente bom, o Brasil ainda é um monumento à desigualdade”, afirma o pesquisador do Ipea Sergei Soares. O que aborda o integrante do instituto é também constatado pela Fundação Getúlio Vargas. Cerca de 31,9 milhões de brasileiros ascenderam às classes A, B e C, devido a programas assistencialistas como o Bolsa Família.
O grande problema que se esconde por trás deles é a escassez de políticas geradoras de renda. Sem empregos, o cidadão recebe a bolsa e faz de tudo para mantê-la, onerando os cofres públicos, inflando o bolso do cidadão – cansado de pagar altos impostos – e estendendo a questão para outras administrações.
O que fazer?
Não é receita de bolo, nem discurso de político. Uma constatação apenas: sem educação, não há evolução. “Para acelerar esse processo é necessário que façamos mais do que apenas olhar as coisas positivas que têm sido feitas. O indicado é que o país atue de forma a melhorar o sistema educacional e a reduzir a informalidade”, lembra Sergei.
Na prática, a informalidade cai. O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, revela que 4,05 milhões de brasileiros saíram da informalidade. O problema é que apenas 5,32 milhões de cidadãos possuem o ensino superior. Menos de 4% da população total do país. E quem possui esse diploma no Brasil ganha, em média, o dobro de um trabalhador com o ensino médio.
Alguém ainda duvida que o país só caminhará quando setores como a Ciência e Tecnologia, além da Educação e Cultura, tiverem melhores orçamentos e a atenção do governo?
Lucas Fernandes
Economia, Educação, Painel e Política
Fontes: Agência Brasil, FGV e OCDE.
Vamos chegar lá? Tomara que sim…
Erick, acredito que chegaremos lá. Resta saber qual será o preço pago para conquistarmos uma melhor distribuição de renda e colocar o Brasil de uma vez por todas, na era da tecnologia, onde as potências deste milênio já se encontram.
Abraços.
Lucas Fernandes
Economia, Educação, Painel e Política.
A desigualdade no Brasil é muito grande e o equilíbrio de renda vai levar muitos anos. Concordo que a educação é a grande saída para a evolução da população, mas falta vontade dos políticos e da elite, que não quer ver progresso no Brasil, a não ser que seja na classe A. Abraços.
Guilherme, concordo que falta vontade do poder público para reverter essa situação. Pensemos, porém, que parte (a maior, inclusive) dessa culpa é nossa. Afinal, quem elege os parlamentares é quem tem o poder de escolha: o cidadão. E, infelizmente, a população não consegue enxergar, em sua maioria, o processo eleitoral como algo que começa no jogo entre partidos, nos acenos na TV e rádio, nas CPI’s que só servem para colocar políticos na mídia e outras coisas mais.
Sem que haja educação do voto, dificilmente teremos educação para todos e a semente da distribuição de renda possa semear em nossa terra: acostumada a “fazer o bolo crescer” e deixar os farelos com a classe trabalhadora menos abastada.
Grande abraço.
Lucas Fernandes
Economia, Educação, Painel e Política.